segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Meus Delírios Sobre Língua Portuguesa

Bom, no artigo anterior nós passamos alguns momentos divagando pela fantástica arte portuguesa da escrita e vimos alguns exemplos de como a nossa ortografia pode ser traiçoeira. Também confirmamos que os sons associados a algumas letras podem nos trazer dúvidas e que o novo acordo ortográfico de fato parece ter vindo para complicar ainda mais nossa vida.

Agora, permitam-me (se não me permitirem, azar, o blog é meu e eu escrevo o que eu quero mesmo) postar aqui alguns delírios pessoais a respeito de nosso idioma.

Creio que se for pra fazer um novo acordo ortográfico, modificar a maneira que nossa língua é escrita, estas mudanças têm que valer à pena. Trazer algumas reestruturações profundas, de modo que simplifiquem a vida de quem tiver que redigir um texto, tornando a utilização de letras ainda mais intuitiva, através da semelhança dos sons com o que de fato está no papel (virtual ou não).

Então, vamos lá...


Eu gostaria que a letra “x” assumisse um som apenas, e não esta diversidade que tem atualmente. Poderia ser o som de “cs”, mas creio que seria melhor se assumisse o som de “ch” mesmo. Neste caso, todas palavras escritas com “ch” teriam que ser escritas com “x”. Acabaria o drama de “como se escreve chuchu?” Afinal, todos saberiam que seria “xuxu”, “axo” eu. Neste caso, os outros usos da letra “x” seriam simplesmente trocados na escrita pelo som real, como em “hecsacampeão”, por “ezemplo".

Já no caso da letra “g”, creio que ela deveria assumir a sonoridade típica de “gato” e “gueto” em todos momentos, tornando desnecessário o uso do “u” no meio da sílaba. Simplesmente escreveríamos “geto” e “laginho”.  A não ser nos casos em que o “u” é lido, como “água”.

Para as palavras como “gelo”, nada mais justo que utilizar o “j”, universalizando assim a escrita com o som, e evitando aquela dúvida da “berinjela”. “Jelo” pode parecer meio estranho, no começo, mas garanto que todo mundo se acostuma.

Falando no “u” que fica no meio da sílaba, temos o caso da letra “q”. Esta letra poderia ser extinta to alfabeto, bem como a letra “c”, com o retorno do “k”. Palavras como “quero” e “quilo” ficariam “kero” e “kilo”. “Quase” seria simplesmente “kuase”.

Com a exclusão do “c”, escreveríamos “kamelo”, “sebola”, “silada”, “kolmeia” e “kuzkuz”. Deu pra notar que os sons de “ce” e “ci” seriam, obviamente assumidos pela letra “s”. Esta letra, aliás que deveria sair de palavras como “casa”, pois ali deveria ter um “z” ao invés do “s” também.

Já no caso do “h”, seria interessante tirá-lo da frente de qualquer palavra. Nessa “ipótese”, “ipopótamo” ou “elicóptero” seriam escrito assim. Claro que o ruim a respeito disto seria que não teríamos mais “omem” com “h” maiúsculo neste país.

Sendo assim uma letra obsoleta (por causa do “ch” substituído por “x” e não sendo mais utilizada no início de palavras), o “h” poderia sinalizar o som de “lh” nas palavras. “Pilha” seria escrito somente “piha”. Ok, mas aí você pergunta: e o som de “nh”? Ora, fácil, apenas trocaríamos ele pelo já conhecido “ñ”, pegou a “maña”?

E falando deste caso de sons de duas letras combinadas, que tal se o “ç” fosse utilizado apenas (e sempre) nos casos em que palavras têm o som de “ss"? Evitaríamos uma série de dúvidas... Poderíamos escrever “páçaro” ao invés de “pássaro”. “Açadeira”, “açeçar”, “peçimismo”.

Mas passando ao caso do hífen, acredito que poderia ser eliminado de vez da língua escrita. As palavras compostas seriam apenas juntadas em uma só, como no caso de “arco-íris” e “guarda-chuva”, ficariam “arcoíris" e “guardachuva”. Isto eliminaria também as dúvidas quanto aos plurais destas palavras, pois não teríamos a questão de “guardas-chuva”, “guardas-chuvas” ou  “guarda-chuvas”... Seria “guardachuvas” e ponto final.

E quanto à acentuação? Bom, acredito pessoalmente que poderíamos excluí-la, inclusive a crase, com exceções para acentos que diferenciam uma palavra de outra, que apesar de escritas da mesma forma, têm significados completamente diferentes.

É o caso de “coco” e “coco”. Ora, hoje nenhuma delas têm acentuação, mas deveriam. É meio bizarro ler em tendas ao longo da Estrada do Mar o dizer: “coco verde gelado”.  Acredito que nestes casos, nada mais justo que diferenciar a sílaba tônica de uma palavra.

Mas em outros casos, não creio haver necessidade. Mesmo o til poderia se tornar obsoleto (claro, respeitando a regra que já coloquei sobre “n”), assim como o trema foi deletado da língua escrita na última alteração.

Bem, vou até aqui. Acho que já escrevi o bastante para deixar qualquer professor de português com os cabelos em pé. Espero que tenham gostado e se divertido imaginando como o nosso idioma seria diferente se fosse escrito da maneira que sugeri.

Antes de me criticar, lembre-se que sou leigo no assunto, apesar de escrever em português todo dia. E pensem, se não concordam comigo, se um novo acordo ortográfico não deveria realmente valer à pena, diferentemente do que aconteceu com este último.

Abraço a todos.

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