sábado, 30 de outubro de 2010

Delírios Na Língua Portuguesa



Vocês alguma vez já se admiraram imaginando como é difícil escrever em algumas línguas que há pelo mundo? São letras que têm som de outras, letras que apesar de serem escritas, simplesmente são ignoradas na pronúncia da palavra, ainda outras que, quando combinadas, formam um som diferente do original... E os gringos ainda têm de se preocupar com aqueles caracteres que já foram excluídos do português, como “k”, “w” e “y”, que por si só já complicam o uso de algumas letras equivalentes como “c”, “v” e “i”.

Pensando nisto, o português, apesar de ser uma das línguas mais difíceis para qualquer estrangeiro aprender a falar (com todos os tempos de conjugação verbal, somados às variações de pessoas singulares e plurais, mais às mudanças que os gêneros, números e graus causam nos artigos, adjetivos e substantivos) ainda figura entre um dos melhores e mais intuitivos idiomas que existem no momento de escrever.

Contudo, isto não isenta nossa querida língua pátria de algumas destas dificuldades também. Querem ver?


Em termos de letras que têm o som de outras, temos o clássico exemplo do “x”. Que letrinha complicada! Ao mesmo tempo que pode ter a pronúncia de “ch”( “xícara”), pode ser também “cs"(“hexacampeão”), “ss" (“sintaxe”, que aliás tem dupla pronúncia), “z” (“exagero”) .

E de forma semelhante, temos as letras que assumem sons diferentes dependendo de outra que a acompanha na sílaba, como “c”, com som como de “k” em “carro” e de “s” em “cebola”, ou o “g” que tem um som em “gato” e outro igual ao “j” em “gelo”. Para ter o “g” ter o mesmo som que tem com a vogal “a” quando combinado com as vogais “e” e “i”, a escrita exige que seja colocado um “u” entre a consoante e a vogal, formando palavras como “guerra” ou “guia”.

E por isto mesmo, o “g” é astro de primeira grandeza na questão “com que letra se escreve?” Afinal,  é “berinjela” ou “beringela"?

Mas outras letras e combinações provocam igual confusão. Veja o exemplo da letra “s”. Na palavra “casa” ela assume o som de “z”. Aí nós temos palavras em que “s” e “c” são facilmente trocadas. Exemplo: “conserto” ou “concerto”? Bom, depende do que estamos falando...

Ou então a questão do “ç”. “Aço” ou “asso”... As duas têm a mesma pronúncia, não? Pior. Colocando tudo junto agora: “sessão”, “cessão” ou “seção”. Todas as três existem, e significam coisas diferentes! Veja no dicionário. Agora, o que impediria existir também uma “ceção”? Pois é.

Além destas misturas todas que comumente são feitas na hora de escrever, temos ele, o “h”. A mais ilustre letra não pronunciada do nosso idioma. “Hoje”, “hipopótamo”, “hora”... De fato, o “h” só faz diferença acompanhado, de “c” dá uma “chiadeira”, de “n” o som nasal de “ninho”, de “l” dá outro som, como em “calha”.

Mas na nossa língua escrita ainda temos a questão da acentuação, que convenhamos... É bem complicada, considerando a crase, as normas de acentuação para os acentos agudos e circunflexo e (claro) suas exceções. O til é o único que as pessoas mais tem familiaridade, só que ele não é oficialmente considerado acento gráfico. É uma sinalização de nasalidade!

Mas até com til há complicações. Uma delas é a dúvida sobre qual das vogais deve receber o dito sinal gráfico. Veja bem, é sempre a primeira vogal em questão. “Supervisão” e não “supervisaõ", “peão” e não “peaõ”. A segunda é na hora de conjugar o verbo no tempo certo. Se eu digo: “mil pessoas lerão este artigo” estou expressando minha esperança de que muitos gostem da matéria e venham a lê-la no futuro. Mas se eu digo “mil pessoas leram este artigo”, estarei mentindo, porque de fato acabo de publicar a matéria e meu blog não tem tantos seguidores para que tantas pessoas já tenham acessado e lido o que escrevi aqui.

Ou seja, final com “ão" indica futuro, final com “m” indica passado.

E aí temos também a questão das palavras compostas. “Arco-íris” “guarda-chuva”, por exemplo. Essas duas aí sei que utilizam hífen no meio porque o corretor ortográfico do Word não acusou erro. Mas quem, que não seja um professor de português ou um estudante que tem que prestar um exame, saberia dizer de cor quais as regras que se aplicam nos casos destas palavras, ainda mais desde que entraram em vigor as novas normas de ortografia?
O que já é um assunto à parte, não? Uma das mais graves críticas à última alteração é de que ela, na prática, alterou um universo muito pequeno de palavras, de uma forma muito discreta, mas gerou um  transtorno muito grande para todos países de língua portuguesa, a fim de se adaptarem às novas práticas.

Bom, dentro deste contexto, depois de vermos tantos delírios que nosso idioma tem na sua norma escrita, permitam-me delirar por minha própria conta, assinalando algumas mudanças que eu julgo poderiam ser feitas na maneira de escrever nosso idioma.

Não percam o próximo, emocionante, fascinante e delirante artigo que publico neste formidável blog.

Abraço a todos.

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