sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dólar x Real

E o Brasil continua a sua caminha, avançando com passos firmes! Só que na contramão.

Enquanto países como a China, Inglaterra e até Estados Unidos utilizam-se do recurso da desvalorização de sua moeda para beneficiar os produtores e as indústrias de seus países, nosso país segue na exata direção oposta.

O Real cada vez se valoriza mais, criando uma situação antagônica. Enquanto que de um lado o povo se diverte, comprando produtos importados, eletrônicos e bens de consumo diversos, e isto possa se parecer com desenvolvimento, de outro a indústria nacional sofre com o câmbio no patamar que está.

Não bastasse nossos elevados custos de produção, sendo um dos países do mundo que mais paga impostos, os preços de nossos produtos são cada vez menos competitivos no exterior por conta do baixo valor do Dólar frente ao Real.

Quer ver só?


Só para que você entenda. Se o preço de um produto é de R$ 10,00 e uma empresa pretende exportá-lo, o valor para o possível cliente estrangeiro é estipulado em Dólar. Se um Dólar vale R$ 2,00 o preço que o cliente no exterior vai ter que pagar é de US$ 5,00. Mas se um Dólar vale R$ 1,00, o preço para o cliente fica bem mais alto: são US$ 10,00. Isto pode ser o fator determinante de uma venda.

Outra solução é o fornecedor brasileiro baixar o preço. Mas aí depende dos custos e de outros fatores. Normalmente não há mais de onde tirar, e para vender, trabalha-se próximo demais do prejuízo. Neste cenário, muitas vezes é melhor não produzir, e até fechar a empresa.

No passado já tivemos muitas fábricas indo à falência por conta da queda abrupta da moeda estrangeira e da concorrência de produtos importados, especialmente na área calçadista (da qual nossa região sobrevive), curiosamente vindos da China (um dos países que tem, sistematicamente, buscado desvalorizar sua moeda no mercado internacional).

Algumas medidas paliativas foram tomadas, a duro custo, mas o quadro geral não se reverteu. Esta semana a Vulcabrás (dona das marcas Azaleia, Olimpikus e Reebok) anunciou que planeja investir em novas plantas industriais fora do Brasil, porque do jeito que está, é altamente desvantajoso para a empresa investir na estrutura que já tem montada aqui.

São situações como estas que realmente nos assustam. A indústria calçadista sempre foi um setor que gerou muito emprego. Seu declínio, por conseguinte, gera muito desemprego. Mas o governo parece não estar preocupado com isto. Afinal, a taxa de câmbio continua com variações negativas. O que não deixa de ser mais uma dessas medidas populistas, pois incentivam o consumo. Só que a que preço?

Nenhum país moderno vive de importações. Sem ter uma indústria nacional forte, ou ao menos se preocupar com ela. Nenhum país se desenvolve sem tecnologia, conseguida através da melhora da indústria nacional. Indústria esta que aqui no Brasil agoniza, não conseguindo atingir seu potencial devido às péssimas condições para exportar.

E o mercado internacional e globalizado é o campo que força as indústrias a serem mais criativas, eficientes, excelentes. Em suma, desenvolvidas.

Creio que já está mais do que na hora do governo federal se importar com esta questão de forma mais pragmática, e não populista-eleitoreira. Pelo bem de todos, da indústria, do Brasil, mexamos na taxa de câmbio.

Abraço a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário