quarta-feira, 22 de abril de 2015

Jesus Socialista?

por Luiz Ulisses Bender

Confundir os ensinamentos de Cristo com o Socialismo é algo tão esdrúxulo que beira as raias da loucura. Defender tal ponto de vista se trata ou de uma expressão de extrema ignorância teológica, ou de uma tentativa deliberada de distorcer o conteúdo do Evangelho.

Textos preferidos dos militantes de esquerda para corroborar sua posição são a multiplicação dos pães e a palavra ao jovem rico, quando Jesus disse para vender suas propriedades e distribuir o valor aos pobres.

Bem, na primeira passagem (em qualquer uma das multiplicações de pão) o texto deixa bem claro o motivo pelo qual Cristo o fez. Compaixão pelas pessoas. Amor. Ele via que a ideia dos discípulos não era viável (embora em nenhum momento a Bíblia afirme que aquela multidão não tivesse recursos financeiros para comprar seu alimento, como alguns insistem em pressupor). Entretanto, Ele bem conhecia o coração do povo e foi direto ao ponto em João 6:26. Sua missão não era repartir comida ou bens. O milagre teve dois propósitos específicos: um imediato (alimentar uma multidão faminta no momento) e um secundário (apresentar Jesus como o Pão da Vida).

Quanto ao segundo texto, não é necessário ter muito conhecimento teológico ou ser um exegeta bíblico para entender o que o Mestre queria de fato. Ora, o jovem que sempre observou todos os mandamentos e humanamente estaria apto a herdar a vida eterna de fato falhou já no primeiro mandamento. Obviamente suas riquezas eram um ídolo para ele, mais importantes do que a vontade de Deus.

Em suma, Jesus Cristo não veio ao mundo trazer um sistema econômico-político. Não trouxe novas leis que agem na sociedade de cima para baixo. Não trouxe um Evangelho de transformação social.

Ele trouxe um Evangelho de salvação e transformação pessoal. Deixou para nós novos mandamentos que regulam nossa relação individual com Deus e com o próximo. Ensinamentos que agem de dentro do coração para fora.

EM SUMA, A IGREJA NÃO FOI INSTITUÍDA COM A FINALIDADE DE MUDAR A SOCIEDADE, E SIM DE MUDAR VIDAS.

Claro que generosidade, misericórdia, compaixão... amor cristão são valores inerentes à vida particular de cada discípulo. E isso deve refletir na sociedade, na esfera daqueles que nos cercam devido a nossas ações e interações cristãs.

Entretanto, generosidade pressupõe que eu tenha algo que seja meu e por livre e espontânea vontade, movido por amor, resolvo repartir com o próximo. Isso nada a tem a ver com o socialismo, pois nesta ideologia eu não sou dono de nada. É tudo bem comum. É obrigação minha dar aos outros.

Além disso, se Jesus foi socialista, então há um problema muito grave com a Bíblia e com o Cristianismo. Sim, pois o apóstolo Paulo, o maior escritor do Novo Testamento, a quem devemos a estruturação teológica da Igreja, parece se encaixaria no perfil de um perfeito “coxinha”.

Afinal, ele disse que quem não quer trabalhar, também não deve comer (2 Tessalonicenses 3:10); exortou aos cristãos que não se envolvam em movimentos revolucionários (Romanos 13:1, 2); desprezou o movimento social feminista (Efésios 5:22); proibiu a luta de classes (Tito 2:9); não combateu nem a escravidão (1 Timóteo 6:1)!

Então, ou Paulo perverteu a ideologia do Mestre ou é possível perceber que há alguma contradição nessa falsa premissa de que o Cristianismo se aproxima do Socialismo.

Finalmente, quero concluir refutando algumas alegações que vi em uma charge recentemente.

Jesus multiplicou pães e peixes. Mas nunca disse uma palavra contra a ideia de que ensinar a pescar é melhor do que dar o peixe. Posso afirmar até o contrário. Por exemplo, em João 21 o Mestre já tinha pão e peixe para a reunião que iria fazer com os discípulos. Ainda assim, os incentivou a pescar.

Jesus jamais poderia ser chamado de “Petralha”, pois nunca tirou algo do povo em benefício próprio ou dos seus discípulos. Pelo contrário.

Por fim, Cristo bem que gostaria de ir a Cuba, mas ele não é bem-vindo lá. Nenhum de seus discípulos é. Aliás, isso é fato recorrente em todo país de ideologia Socialista. O Cristianismo é sempre perseguido, cristãos têm seus direitos diminuídos, são presos e até mortos nos regimes de extrema esquerda.

Por esses motivos e muitos outros mais, Cristianismo e Socialismo são antagônicos. É um absurdo misturar os dois só porque o cristão deve ser desapegado dos bens materiais, generoso e compassivo.

É isso aí. Abraço a todos.

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