quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Exigir de Deus? Absurdo!

Nas próximas linhas pretendo discorrer em forma de tópicos simples sobre o absurdo que é esta teologia neopentecostal que incentiva os crentes a exigir coisas de Deus. Enumero quatro pontos sob a forma de desabafo; sem desenvolver muito o tema porque isto daria material para uma tese acadêmica. Em caso de debate, podemos ampliar o escopo.

1. Exigir de Deus é uma total inversão de autoridade. O que é o homem perante Deus? Em Salmos 144:3 Davi já divagava sobre esta diferença. Que petulância temos de achar que podemos chegar diante do soberano Criador e exigir que Ele faça algo? Paulo também segue esse raciocínio quando escreve aos Romanos 9:20. Jó, talvez o mais injustiçado fiel da Bíblia, quis apresentar sua causa diante de Deus. Quando encontrou-se com Ele, entretanto, toda suposta justiça desapareceu perante a soberania de Deus. Ao exigir esquecemos que Deus é soberano, faz o que quiser, quando quiser, se quiser. E nós, perante Ele, nada somos.

2. Cristo disse para “pedir”, não para “exigir”. Apesar de sermos tão pouco, Deus quer nos abençoar, pela sua graciosa bondade. Por isso, somos incentivados na Bíblia para pedir o que precisamos a Deus (Mateus 7:7; Marcos 11:24; Lucas 11:9; João 15:7; Filipenses 4:6). Ora, pedir envolve uma atitude de coração bem diferente de exigir, determinar, ou “tomar posse”. Reconhecemos a magnitude de Deus e nossa pequenez. Nos aproximamos pela graça. Pedimos levando em conta a vontade divina (Lucas 11:2) e o Reino (Mateus 6:33), não apenas nosso bel-prazer.

3. Exigir de Deus não é demonstração de fé. Pelo contrário. É demonstrar que não confia no Criador. Talvez a única possibilidade de uma criança de 7 anos exigir algo de seu pai é quando esse lhe fez uma promessa. Poderíamos achar que isso se aplica a Deus, nosso Pai, também. Errado. Afinal, nas relações humanas está sempre em jogo o caráter e a confiabilidade de quem fez a promessa. Mas o caráter e a confiabilidade de Deus não estão em jogo. Se Ele prometeu, irá cumprir. Se exigimos é porque não cremos que Deus seja tão confiável. Se não cremos na natureza divina, demonstramos nossa falta de fé. Pergunto: algum personagem bíblico conquistou algo exigindo o cumprimento de uma promessa divina? Abraão exigiu o filho da promessa? Davi exigiu alguma coisa? A mulher cananeia? Maria e Marta? Pedro? Paulo? Não!!! Se a fé é o firme fundamento do que se espera (Hebreus 11:1) é porque precisamos esperar que a promessa se cumpra, porque ainda irá se cumprir. Quando se cumpriu, não há mais necessidade de fé (1 Coríntios 13:8-13). A grande pergunta, então é...

4. O que, afinal, Deus prometeu? Só este tópico daria muito assunto e vejo que já escrevi bem mais do que eu gostaria. Veja que Deus pode prometer algo a nível pessoal usando qualquer texto bíblico. Mas a nível de doutrina, de Igreja, Ele é bem específico. Então, basicamente, desencasquetem de Isaías 53:4. Este texto tem pelo menos 4 ou 5 problemas para servir de apoio a uma doutrina. Voltem a atenção então para Marcos 16:18. Verão que há uma mudança de foco na questão da cura. Cristo jamais prometeu que não ficaríamos doentes, ou que todos seriam curados (2 Coríntios 12:7; 1 Timóteo 5:23). Foi outra coisa que Ele prometeu. Prestemos atenção no que Ele promete e tenhamos confiança que Ele é fiel e justo para cumprir, então estaremos no caminho certo.

É isso. Abraço a todos.

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