Cada vez mais caminhamos para a convergência digital. Também para sistemas integrados, que se complementam, através dos quais é possível reunir as mais diversas informações. Sistemas que comparam e cruzam dados.
Isto tem facilitado nossa vida de diversas maneiras. Tem nos garantido um novo nível de interatividade com o mercado, bancos, fornecedores, compras pela Internet... Nos levado a participar e expandir redes sociais, enfim, trazido uma série de utilidades e confortos para o cidadão comum.
Mas tem também servido ao governo, como órgão gestor, fiscalizador e executor de impostos e da lei. Informações sigilosas sobre contribuições, renda, patrimônio, estão todos sendo registrados e escrutinados. Criminosos podem ser identificados com mais facilidade em qualquer lugar do país.
É a tecnologia! Supostamente fornecendo uma nova ferramenta de segurança para a população. Mas será que é isto mesmo?
As recentes denúncias de vazamento de informações, consideradas sigilosas, da qual o candidato tucano, sua família e o vice em sua chapa foram alvo, somados aos recentes fatos também de acessos irregulares aos bancos de dados, envolvendo agentes do governo do estado aqui do Rio Grande do Sul, escancara um dos aspectos nocivos deste sistema.
Temos que nos dar conta que por detrás de todo este aparato, ou no meio dele, acessando, administrando, programando... Sempre há pessoas. E, enquanto os dados são frios, números, letras, bits e bites, o ser humano é movido por interesses. E estes interesses podem ser sinceros ou perversos.
As informações podem ser utilizadas de modo benéfico para a sociedade ou de modo a beneficiar um grupo de indivíduos, um só indivíduo até. Este é o grande problema.
Nada impede que os eventos voltem a se repetir. Pior. Nada impede que um governo autoritário utilize estas informações para vigiar e controlar o povo, para denegrir a imagem de oponentes, para perseguir adversários. Em suma, um sistema integrado como o que temos disponível hoje seria o sonho de qualquer ditadura. Imagine se nos anos 70 o governo militar dispusesse desta ferramenta!
Sei, estou soando meio paranoico... Coisas assim nos fazem lembrar de algumas ficções como o livro 1984, ou os filmes A Rede e Controle Absoluto... Mas o fato de que a tecnologia existe, está sendo implantada e já é manipulada de forma vil é indiscutível.
O agravante, aqui no Brasil, é que temos uma linha ideológica muito próxima de assumir o (ou seria continuar no?) governo que tem dado claros sinais de que não terá pudores nesta área. Ao que tudo indica, já se beneficiou (ou tentou se beneficiar) de meios escusos, de vazamentos de informações... Destas informações que deveriam estar bem armazenadas em um banco de dados, disponível apenas para que o governo cobrasse o que lhe é de direito.
Que Deus nos ajude se gente assim puder obter qualquer senha, acessar qualquer terminal, vasculhar a vida de qualquer cidadão. Até porque não existe como reverter esta integração, sabemos disto muito bem. E para onde de fato isto vai levar talvez seja assunto para outro artigo (sim, pretendo voltar ao assunto, mas pretendo também desmistificar algumas paranoias que circulam por aí).
O que podemos fazer, a nossa pequena parte neste processo todo, é evitar ficar publicando nossos dados pessoais no meio digital. Não é saudável dispormos todas nossas informações pessoais na Internet (Orkut por exemplo).
Afinal, vocês já notaram que se o governo exigisse que toda população preenchesse um formulário, com o fim de criar um banco de dados, igual ao que é preenchido nestas redes sociais, ficaríamos todos desconfiados? Certamente a oposição se manifestaria alegando inconstitucionalidade no ato. Advogados protestariam, quem sabe até o povo tomaria as ruas...
Mas eis que voluntariamente milhares de pessoas preenchem todos seus dados, compartilham suas informações pessoais e fotos sem nenhum cuidado através destes meios sociais virtuais. E aí temos um problema ainda maior do que se algum agente governamental acessar... É que nunca sabemos quem vai ver estes dados, e o que vai fazer com eles.
Então, todo cuidado é necessário. Vamos nos resguardar um pouco na Internet, vamos nos conscientizar na hora de votar; pois se queremos proteger algumas liberdades e manter ainda uma relativa segurança cibernética a hora de tomar uma atitude é hoje, antes que seja tarde demais.
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