quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Neymar vs. Dorival


A recente demissão do técnico do Santos Futebol Clube por tentar disciplinar o craque Neymar tem gerado muitos comentários, críticas, notícias e até humor. Já se encontra no Twitter os "Neymar facts" (clique para acessar), uma brincadeira que cada vez se torna mais comum depois de fatos como esse.

O evento está até gerando este artigo, afinal, pra que serve um blog se não posso dar minha opinião pessoal a respeito de assuntos que julgo relevantes?

E este assunto é relevante porque não se restringe ao campo futebolístico ou esportivo. O que aconteceu reflete um dos vícios de nossa sociedade contemporânea, e o que eu mais queria que este fato gerasse é uma discussão, um despertar, a respeito dos valores e do modo de lidar com a educação hoje em dia.

Sabe por quê?


Porque hoje existe uma inversão de valores e de papeis. Se dá mais valor ao atleta do que ao técnico, que supostamente, deveria ser quem exerce a autoridade entre o plantel. Em termos escolares, há anos atrás, quando uma criança tinha notas ruins, os pais exigiam mais do seu filho. Hoje, exigem da instituição de ensino. O professor pode ser demitido, mas o aluno não pode repetir de ano.

No Congresso, querem aprovar uma lei que proíbe os pais de disciplinar os filhos através da “palmada”. Quem fizesse isto teria que ter acompanhamento psicológico, pois a abordagem educacional moderna prega que toda disciplina deve ser apenas na base do diálogo.

Afinal, o que acontece conosco como sociedade? Terceirizamos a educação, abrimos mão da disciplina, aplicamos filosofias equivocadas, valorizamos mais o ter (ou o estar) do que o ser e, o pior de tudo, não impomos limites achando que isto fará bem à criança e ao indivíduo. Depois, esperamos os frutos. E os colhemos.

Colhemos Neymares... Pessoas que acham que podem fazer o que bem entendem, que o mundo gira em torno deles. Indivíduos que creem que a eles não se aplicam as regras que valem para o resto do povo. Simplesmente porque nunca foram cobrados ou disciplinados.

Há algo muito errado com a educação contemporânea. É a desestruturação do que conhecemos como “autoridade”.

Existem e devem existir, para nosso próprio bem, níveis de autoridade. Autoridades têm de ser honradas, respeitadas, obedecidas. Não é que não podem ser questionadas, pois mesmo as autoridades têm limites legais e éticos que têm de ser mantidos para que sejam benéficas.

Mas infelizmente o que vemos hoje não é um questionamento, ou uma crítica sadia. Toda autoridade, toda disciplina, toda forma de imposição de limites, é minada, desacreditada, enfraquecida. O caso Neymar reforça esta tese, uma vez que, em defesa do jogador, a autoridade sobre ele foi destituída. Este é o mundo em que vivemos! Um mundo sem autoridades e sem limites.

Limites são necessários ao ser humano. Comportamentais, sobretudo. É da nossa natureza tentar rompê-los, mas é para nossa segurança, para que a sociedade como um todo possa coexistir e subsistir que eles existem e precisam ser claramente estabelecidos.

Uma sociedade sem autoridades e sem limites se autodestrói, automaticamente! O convívio se torna impossível, as pessoas não se respeitam mais... É o caos! E, infelizmente, é para este destino que o pensamento contemporâneo está nos levando!

Me entristece o desfecho da situação no Santos, porque eles simplesmente aplicaram a filosofia que têm guiado a sociedade nos últimos anos. Uma filosofia que precisa ser revista, antes que dê mais frutos como este.

Acredito que já é hora de se rever o método educacional que tem regido a sociedade brasileira nos últimos anos. Autoridade, limites, disciplina. São coisas que precisam ser resgatadas enquanto ainda há tempo. Que precisam ser aplicadas nas nossas vidas, para que tenhamos uma vida social sensata e saudável.

Abraço a todos.

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