quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Inter(net) Dependência


Me lembro de quando eu era assinante da revista Superinteressante, nos bons tempos em que ela tratava de ciência, história e tecnologia. Num dado momento eles começaram a falar sobre uma tal de Internet, uma rede mundial de computadores, que estava prestes a chegar ao Brasil.

Confesso que não conseguia entender como isto funcionava. Eles falavam de “email” e eu ficava me perguntando que raio que era isto. “Sites”, e eu questionava até que ponto isto seria útil para o grande público, pois tudo na informática ainda parecia muito de uso profissional.

A maior parte das empresas ainda tinha o CPD (Centro de Processamento de Dados), que era onde ficavam os computadores, utilizados por poucos funcionários nos primórdios da informatização dos escritórios; enquanto que a maioria do serviço ainda era feito de modo tradicional. Máquinas de escrever mecânicas ainda pareciam longe da aposentadoria. O controle manual, o uso de fichas de papelão, as cartas datilografadas... O uso dos computadores era muito restrito ainda.

Na verdade, todo este lance de Internet parecia que não acrescentaria muito à rotina diária de trabalho. Não sentíamos necessidade de algo que não tínhamos. Mas...



O tempo passou, e passou depressa. Desde o primeiro modem discado que vi, com a incrível velocidade de 2,4 Kbps (dois vírgula quatro quilobites por segundo mesmo, não escrevi errado não) até hoje, onde trabalho conectado a uma velocidade de 1,5 Mbps (um mega e meio de bites por segundo) fomos rapidamente inundados por um novo mundo de informações, entretenimento, possibilidades, facilidades e rapidez nos processos.

Hoje qualquer setor de produção depende tanto da máquina, operada pelo funcionário com especialização profissional, como da informática. Se o servidor da rede interna da empresa onde trabalho entra em pane, a produção praticamente para. Se temos algum problema na Internet, estamos em apuros.

Foi o que aconteceu na semana passada. Somos obrigados a emitir NF-e’s (notas fiscais eletrônicas), serviço que inclusive é minha responsabilidade. Como vocês devem saber, para validar uma NF-e, é necessário transmiti-la para a Secretaria da Fazenda do estado, logo... É imprescindível que estejamos conectados à web.

Na última sexta nosso provedor apresentou um problema lógico. De uma hora pra outra ficamos sem conexão. Imagine, um dia em que naturalmente teríamos bastante faturamento, inviabilizado porque não tínhamos Internet para validar as NF-e’s! Ou mesmo não ter como abrir os emails com instruções vitais para nossa programação de produção; ou ainda não poder receber os pedidos digitados pelos representantes, enviados de todo o canto do país!

Felizmente conseguimos contornar a situação, mas o evento expõe nossa total dependência deste meio nos dias atuais. Torna bem verdadeira a sentença de que a informática veio atender necessidades, ou resolver problemas, que até o seu advento nós não tínhamos.

A verdade é que antes alguns serviços eram até mais complicados, mais trabalhosos. Mas agora dependemos demais de algumas ferramentas. E o mais interessante é notar que ainda trabalhamos o mesmo tanto (senão mais) do que antes de termos computadores e Internet nas nossas mesas.

Nossas crianças até parecem nascer sabendo teclar, acessar sites, navegar na rede. Até que ponto isto é positivo? Hoje não se vai mais a bibliotecas fazer pesquisas. É Google, Wikipedia, direto. Falhou o computador, falhou o trabalho da escola. Muitas vezes se dedica mais tempo e atenção às redes sociais virtuais (Orkut, Facebook, blogs...) do que aos amigos do mundo real e às atividades que podem ser feitas ao ar livre.

E isto é uma tendência. Cada vez maior. Estamos cada vez mais “conectados”, mais à mercê de um mundo globalizado, unificado por uma rede de computação, onde informações valiosas disputam espaço com informações e assuntos fúteis, mentiras e outras mazelas virtuais.

Estamos cada vez mais dependentes da web, e quem quer que consiga controlar este meio, dominará o mundo.

Abraço a todos.

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