sexta-feira, 17 de setembro de 2010

20 de Setembro


Dia 20 de Setembro comemoramos, aqui no Rio Grande do Sul, um dos eventos históricos mais relevantes ocorridos no Brasil do século XIX e, com certeza, o mais marcante do estado em todos os tempos. O início da Revolução Farroupilha, um conflito que durante dez longos anos (1835-1845) convulsionou nossa terra.

Mais do que deixar um registro nos livros de História, a revolta, assim como todos os conflitos ocorridos na região antes e depois da Revolução Farroupilha, deixaram marcas na alma gaúcha. Mas esta em específico, consegue evocar como nenhuma outra a identidade de nosso povo e estado.

Vocês já notaram que onde tem gaúcho, tem uma bandeira do Rio Grande do Sul? Se há gaúchos na Copa do Mundo, é provável que tenham bandeiras do Brasil, mas têm também a do estado. Onde quer que seja, onde quer que estejam, os gaúchos sempre demonstram um sentimento, que é predominante entre nosso povo: ser gaúcho em primeiro lugar, brasileiro depois. Mas por quê?



Identidade. Somos um povo que tem identidade. E identidade está sempre ligada à tradição, passado, cultura e ideais. Por isto o dia 20 é tão emblemático.

Desde o início da colonização, o Rio Grande do Sul tem sido uma província de antagonismos. Os constantes conflitos com os “castelhanos”, batalhas e mais batalhas para demarcar as fronteiras. Mas a presença constante dos nossos vizinhos também trouxe miscigenação cultural. Na língua, por exemplo. E até no nome que somos chamados, afinal, gaúcho aqui e gaucho no outro lado do rio dá na mesma.

As lutas criaram uma forte ligação do gaúcho com a terra onde vivia. Tu sabes, só vale à pena lutar (e morrer) por algo que se ama. Não obstante nosso povo tenha sido um dos que mais sangue derramou pelo país, a distância do governo central geralmente o faz ser esquecido pela União.

A lida do campo e as seguidas lutas, criou um povo de hábitos rudes, jeito “grosso” até. Mas também gentil, na forma de tratar a prenda, nas danças respeitosas, nas disputas justas. E o que muitas vezes é entendido como grosseria, não poucas é na verdade intimidade. O costume de olhar nos olhos e de considerar a todos como igual. Que outro povo ousa dirigir-se a Deus como “Patrão Velho”, conservando, mesmo assim, o respeito por Ele?

O gaúcho é assim... A adaga na cinta, pronta para a peleia, e o chimarrão na mão, compartilhado em fraternidade. Que grande antagonismo!

Por fim, outra marca registrada do gaúcho. O orgulho. Realmente o orgulho muitas vezes nos cega para a realidade da situação. De que nem tudo é tão perfeito como escrevi nas linhas acima. O orgulho nos faz sentir superiores a pessoas de outros estados. E sempre nos atormenta com a pergunta: “o que teria acontecido se a revolta tivesse realmente conseguido nos separar do Brasil?” E então sonhamos...

Mas é o orgulho também o sinal de que temos identidade. Olhamos para o passado e temos motivos para nos orgulhar. Olhamos para o futuro, na expectativa de que sejamos melhores que hoje. Mas... E hoje?

Hoje, ainda que não sejamos tão bravos, com tanta iniciativa, que não tenhamos que mostrar a mesma coragem ou lutar como aqueles que construíram a base deste estado, ainda assim somos gaúchos. De corpo e alma. Diferentes, pelo nosso passado, pela nossa cultura, pelo legado que recebemos.

Queira Deus que seja também pelo legado que deixaremos. Que os ideais que moveram tantos a preferir morrer livres a viver escravos nos alcancem e que, assim como as gerações passadas, possamos fazer uma diferença significativa na história deste país.

Por fim, eu gostaria de compartilhar com vocês duas coisas: primeiro uma dica. A Wikipedia tem um ótimo artigo sobre as causas, os acontecimentos marcantes, as conquistas e as frustrações que marcaram a Revolução Farroupilha. Para quem quiser (e é sempre bom obter) mais informações históricas, basta clicar aqui.

Segundo, segue abaixo a letra da música “Obrigado, Patrão Velho” dos Serranos. Creio que ela resume muitíssimo bem o sentimento de todo aquele que nasceu no Rio Grande do Sul ou foi adotado e ama este estado.

“Patrão velho, muito obrigado, por este céu azul
Por esta terra tão linda, pelo Rio Grande do Sul
Por ter me feito gaúcho, que veio deste lugar
E a lua cheia surgindo, fazendo guascas sonhar
Muito obrigado, pelas andanças do pago
Pela chinoca faceira e o gosto do mate amargo
Patrão velho, muito obrigado pelos fandangos de galpão
Pelos domingos de rodeio, nos campos do meu rincão
Pela geada caindo tornando em branco o capim
Por esta chama rebelde que queima dentro de mim
Muito obrigado por estas almas andarilhas
Que como o vento minuano vagueiam pelas coxilhas
Patrão velho, muito obrigado, por este céu azul
Por esta terra tão linda, pelo Rio Grande do Sul”

Obs.: peguei a letra neste site: http://www.letradamusica.net/os-serranos/obrigado-patrao-velho.html (clique para acessar).

Abraço a todos.

2 comentários:

  1. Oieee...

    Esta música realmente é muito linda, e para complementar o que vc falou sobre o orgulho do nosso povo de ser gaúcho, vc já reparou que a maioria(se não todos) dos gaúchos sabe cantar o nosso hino? E que o pessoal dos outros estados nem se quer sabe umab estrofe que seja do hino do seu estado?
    Tem uma frase que eu gosto muito que diz: "Melhor que ser brasileiro é ser gaúcho!"
    Com certeza é bem melhor...

    Abraços

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  2. É verdade, eu não cheguei a comentar este fato, mas até minha filha de 7 anos já sabe cantar praticamente todo hino Rio-Grandense de cor sozinha!

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