Marina. Por quê?

Quero neste espaço publicamente abrir meu voto para presidente (presidenta no caso). Vou de Marina Silva, apesar de nunca haver me imaginado votando no PV em uma eleição majoritária, ainda mais de tal envergadura.

A questão óbvia surge... Por quê? Cito algumas razões, vamos lá.

De origem extremamente humilde (entenda-se também pobre, mas não só isto) ela não acomodou-se à situação, ou ficou jogando a culpa no governo, em Deus, na falta de oportunidades e o escambau. Saiu da faixa do analfabetismo depois dos 15 anos de idade.

Tinha 27 quando começou a se envolver com política. Sua trajetória foi marcada por lutas de todos os tipo (excluindo as lutas armadas), sendo que nunca se envolveu em nenhum escândalo em todo o tempo que esteve na vida pública. Só este fato já lhe dá uma biografia de um gabarito e tanto aqui no Brasil.

Seu projeto de governo tem boas propostas, não é puramente oposição, nem puramente continuação do anterior. Aproveita boas coisas de ambos. Sua campanha não tem um tom de acusação, mas de apresentação de ideais e metas (válidos, diga-se de passagem). Não procura o conformismo, mas não extrapola ao radicalismo. Não pretende uma ditadura velada, seja de esquerda, evangélica, ambiental ou qualquer outra. Também não sugere um liberalismo irresponsável.

Ela é uma pessoa de caráter. Crente sim senhor(a). E das Assembleias de Deus, cuja cúpula, em um gesto esdrúxulo e incompreensível, simplesmente lhe deu as costas. Mas ela também é uma pessoa que já afirmou que não vai fazer seu palanque nas igrejas.

Está certa. Ela tem mais que isto pra oferecer. É por isto que voto nela.

Muitos podem argumentar que estarei “jogando fora” meu voto, visto que ela não tem possibilidades de passar para o segundo turno, ou que votando nela estaria indiretamente contribuindo para o sucesso da candidata do PT conquistar a vitória já no primeiro turno das eleições. Discordo.

Primeiro porque votando nela não contribuo com Dilma. Veja: para haver segundo turno os votos da candidata petista não podem ultrapassar os 50%+1. Qualquer outro candidato, que não ela, recebendo um voto, contribui para que a eleição não termine no primeiro turno, pois não há diferença entre Serra ou Marina terem cada um 10%, 20%, 30%, etc nas pesquisas, desde que Dilma não tenha 50%+1.

Por exemplo: se o universo de votos válidos fosse de 100 votos, Dilma teria que ter 51 votos para ser vencedora no primeiro turno. Independente de Serra ter 48 e Marina 1 ou Serra 20 e Marina 29, a situação seria favorável à canditada petista.

Segundo (e mais importante) porque creio que o voto deve ser dado com convicção. Na proposta, no partido, na pessoa. Que convicção me levaria a votar na Dilma? Caminhamos há 8 anos em direção a uma ditadura velada, que pretende censurar os meios de comunicação, coíbe através de recursos legais a expressão de nossa fé e cujo ideal de nação é Cuba.

Que convicção eu teria pra votar no Serra? O medo de que a candidata do PT vença as eleições? Só isso? E quanto a suas propostas? Como eu posso apoiar alguém que defende algo que vai diretamente contra os princípios que considero verdadeiros?

Então, se a eleição acabar realmente no primeiro turno como indicam as pesquisas, ou se Marina não passar para o segundo turno, mesmo assim, independentemente do resultado, eu saberei que fui “mais um” a ser corente com o que defendo, acredito, quero para este país. E não terei “jogado fora” meu voto, pois estarei de consciência tranquila.

Abraço a todos.