terça-feira, 8 de março de 2016

A hipocrisia de alguns não justifica o erro de outros

por Luiz Ulisses Bender
Nos últimos tempos a alegação de hipocrisia tem sido amplamente utilizada com o intuito de diminuir ou desmoralizar críticas e acusações que são levantadas contra um tipo de conduta, mais proeminentemente nas áreas moral e política.
Não obstante a hipocrisia ser algo detestável, condenável, e um erro que se soma aos outros tantos cometidos por quem usa de tal subterfúgio, é importante à sociedade lembrar que críticas ou acusações hipócritas não anulam o fato de que o alvo de tais apontamentos está, efetivamente, incorrendo em erro.
Se um político é acusado de roubo... opa! desculpem-me... de "desvio de verbas", logo se afirma que quem o está acusando é tão corrupto quanto ele, o que configuraria uma atitude hipócrita, sugerindo-se, assim, direta ou indiretamente, que melhor seria manter o que está no cargo do que trocar por outro de igual estirpe.
Ora, tal inferência não poderia ser mais enganosa. Se há evidências de ilegalidade, investigue-se, puna-se, retire-se o mesmo da vida pública. A hipocrisia de alguns não justifica o erro de outros.
Obviamente que se quem acusa comete delitos semelhantes, de igual forma... apure-se, puna-se. Mas que a má ação deste não sirva de salvo-conduto para aquele. Isto é um absurdo.
De igual forma, quando se discute a questão moral, muito comum é que se depare com a afirmação de que tudo não passa de "falsa moral", evocando até mesmo a seguinte reação: "estão pregando moral de cuecas!"
É bem verdade que não poucas vezes isto acontece. Entretanto, mais uma vez, a hipocrisia de alguns não justifica o erro de outros.
Ainda que quem anuncie o que é certo não pratique o que defenda, ou que quem condene algo de errado enquanto o pratica, tais condutas não alteram a realidade de que o que é certo é certo, e o que é errado é errado.
Para finalizar, a respeito disso podemos considerar o (talvez)  mais famoso texto sobre hipocrisia, sempre lembrado nas discussões sobre o tema: a história da mulher adúltera de João 8.
Verifique que a tal não foi justificada porque seus acusadores eram hipócritas. Seu pecado continou sendo real a despeito dos acusadores terem se retirado.
O que aconteceu é que ela foi perdoada por Cristo e foi-lhe dada uma condição para que permanecesse salva: "vai e não peques mais" (João 8:11). Assim, mais uma vez vemos que a hipocrisia de alguns não justifica o erro de outros.
E apenas para esclarecer, não estou advogando a hipocrisia. Longe de mim tal coisa. Todavia, é imperativo que esta não seja mais considerada como um escudo por quem errou, deve, e certamente merece arcar com as consequências de seus atos.
Abraço a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário