quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Incêndio e Televisão







“Se sua casa incendiasse, o que é que você faria?” Esta pergunta foi feita de modo retórico no início de uma matéria sobre a falta de estrutura dos bombeiros de Caxias do Sul, no Jornal do Almoço, nesta semana.

Só que eu acredito que é uma pergunta bem interessante para pensarmos a respeito. Se considerarmos que todos nossos familiares, amigos ou qualquer ser humano não esteja mais na casa, vale à pena pensarmos o que tentaríamos salvar primeiro.

É muito provável que nossas escolhas serão refletirão nossos valores. O que é importante para nós. Aquilo que prezamos mais.

E, sem pensar, num primeiro impulso, é bem provável que muitos respondam à questão acima como eu: “pegaria a televisão e sairia correndo!”

Momento de reflexão...

Oh, puxa! Eu estava brincando, lógico... Mas não posso negar que isto de certa forma representa (ou representava naquele momento) a minha reação automática (e sincera, admito). Mas com mais calma, começamos a analisar os fatos...

Por que será que a televisão parece tão importante para nós? Teríamos outros itens muito mais úteis a salvar antes dela. Mas consigo pensar em alguns motivos pelos quais ela sempre ocupa a parte superior da lista.


Primeiro, pelo custo. O valor financeiro da TV é bem considerável, embora cada vez se torne um bem mais acessível. Além disto, todo brasileiro sonha com uma TV digital, de plasma, LCD ou LED (aliás, tenho uma postagem sobre as diferenças dos modelos, clique para ler).

Sempre pesa no bolso substituir uma televisão estragada. E aí é que a coisa complica. A questão é que a TV é encarada neste país como absolutamente necessária em qualquer lar. Não é nem uma questão de “status”. É uma como se fosse uma carência mesmo.

Pra se dar conta disto é só dar uma olhada para os bairros pobres, ou favelas mesmo. As vezes não dá nem pra chamar o lugar onde o pessoal mora de “casa”, mas tem TV. A filharada não tem o que comer, mas tem uma antena na parte de cima do barraco, assim ninguém perde a novelinha!

Que escala de valores é esta que temos montado aqui neste Brasil?

Vale lembrar que construímos nosso caráter e o nosso conjunto de valores com base nas influências que recebemos de terceiros. Dentro disto, sabemos muito bem que a mídia (principalmente a televisiva) é um dos maiores influenciadores de opinião que nós temos na sociedade atual.

Ora, o que acontece é que a TV garante sua autopreservação, influenciando os telespectadores a valorizar cada vez mais este fantástico aparelho de comunicação, onde apenas um dos lados se comunica.

Já não seria hora da gente refletir um pouco mais e reavaliar nossa escala de valores?

E se este pensamento se aplica a objetos, coisas, bens inanimados... Quanto mais se aplica a seres humanos. E quantas vezes a própria televisão é o meio que nos separa daquelas pessoas a quem dizemos amar, ou quantas vezes os bens que temos parecem valer mais do que a gente que está ao nosso lado?

Vou parar por aqui. Acho que todos (inclusive eu) temos que pensar um pouco agora.

Abraço a todos.

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