terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sobre a Greve dos Bancários



Está virando rotina. Nos últimos sete anos os bancários têm entrado em greve por aumento de salários e outras reivindicações. Aqui na região o movimento cresce cada vez mais acompanhando o ritmo no país.

Independentemente da legalidade do movimento, ou da justiça das reivindicações, estas greves têm causado um transtorno muitíssimo grande para toda a população. Um tanto mais ainda para empresas, que são prejudicadas em todos seus negócios, desde a dificuldade para efetuar pagamentos, ausência de recebimentos, impossibilidade de negociar novas aplicações, etc.

Em outras palavras, mais uma vez, é um terceiro (o povo, as empresas) que paga o pato porque patrões e empregados de uma categoria não se entendem. Mas esperar o quê? Greve é isto...

Mas, na verdade, temo que esta mobilização dos bancários acabe sendo como um “tiro no pé” para a própria categoria. Explico...



Uma vez que não podemos contar com o atendimento na agência, somos forçados a procurar os serviços automatizados. Afinal, temos contas para pagar e os credores não querem saber se o banco estava fechado ou não; se não pagarmos nossos débitos em dia seremos penalizados de acordo com as ações cabíveis.

Ora, muitos de nós não gostam de utilizar serviços via web ou atendimento por telefone. Tudo isto é muito impessoal, e o ser humano é um ser social, sente necessidade deste contato. Além disto, todos dias somos surpreendidos com novas fraudes virtuais. Como confiar na segurança destes meios para realizar todo e qualquer tipo de transação?

A utilização de operações em caixas eletrônicos é mais comum, mas mesmo assim, só podemos ter plena certeza e confiança de que uma operação foi executada com sucesso se temos acesso ao comprovante definitivo. Este contexto faz com que muitos prefiram ir à agência, enfrentar filas e gastar horas até ser atendido.

Mas agora não podem. Os bancários estão em greve. Outra vez.

Isto causa no cliente uma sensação de incerteza. Se ele não pode contar com o funcionário para atendê-lo na agência bancária, ele automaticamente migra suas operações para o mundo virtual. Pelo menos habilita as opções oferecidas pelo sistema bancário, assim poderá utilizar-se deste meio em casos de emergência, como este da greve.

Aí é que começa o perigo para meus amigos bancários.

Quanto mais cômodo for para o cliente, ou quanto menos certeza ele tiver de ser atendido fisicamente, mas irá aventurar-se no atendimento virtual. E não é este o sonho de qualquer banqueiro? Pois quanto mais clientes utilizarem o serviço automatizado, menos funcionários terão de manter nas agências.

Em outras palavras, o banqueiro poderá fornecer os mesmos serviços a um custo menor, dependendo de menos empregados.

Fica aí então um alerta aos bancários. É possível ganhar um aumento real hoje, mas amanhã, quem sabe o que acontecerá? Afinal, este impasse todo entre a categoria e banqueiros, não poderia ser uma estratégia destes últimos para induzir a clientela a preferir os serviços “on-line”?

Abraço a todos.

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